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Aristóteles: Na piada vale tudo?

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Ética a Nicômaco – Aristóteles Sobre os rudes, os espirituosos e os bufões Introdução No seu estudo sobre ética, Aristóteles busca examinar quais atitudes são virtuosas (dignas de honra e louvor) e quais são reprováveis. De modo geral as virtudes se encontram no comportamento afastado dos extremos, isto é, distantes da falta e do excesso. Edson Bani traduz as atitudes louváveis de mediania. Outros autores a chamam de meio-termo. A mediania não equivale a média matemática onde 5,5 se encontra equidistante entre 1 e 10. Sendo uma ação virtuosa, a mediania muitas vezes se encontra próxima aos extremos. A coragem está mais próxima da temeridade (o extremo do excesso) do que da covardia (o extremo da falta). A temeridade é a atitude de quem enfrenta o perigo desnecessariamente por desejar honra ou para esconder a sua covardia. De fato, o temerário parecerá corajoso aos nossos olhos. A brandura parece estar mais próxima à falta (que não tem nome) do que do excesso (a

ARMAGEDDON - Torcendo pelo meteoro!

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Cena 1 O escritor e jurista Ruy Barbosa preocupado com República a qual apoiou mostra-se agora arrependido. “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto ... Essa foi a obra da República nos últimos anos. No outro regime o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem perdido para todo o sempre - as carreiras políticas lhes estavam fechadas. Havia uma sentinela vigilante, de cuja severidade todos se temiam a que, acesa no alto, guardava a redondeza, como um farol que não se apaga, em proveito da honra, da justiça e da moralidade gerais. Na República os tarados são os tarudos. Na República todos os grupos se alhearam do movimento dos partidos, da ação dos Governos, da prática das instituições. Contentamo-nos, hoje, com as fórmulas e aparência, porque estas mesmo vão se dis

Quando você é preto, é preto!

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Uma história real. Certa manhã o homem mais rico de uma cidade do interior de um grande estado brasileiro encontrou no muro da sua casa a seguinte inscrição: AQUI MORA UM PRETO! A bela propriedade, bastante conhecida por sua imponência e localização privilegiada na esquina entre duas ruas importantes da cidade, permitia que a frase fosse lida facilmente. O proprietário, um homem culto, inteligente e bem-sucedido decidiu não repintar o muro, mas devolver a provocação escrevendo uma nova frase logo abaixo da primeira: MAS É RICO! Na manhã seguinte ele foi surpreendido com uma terceira inscrição em seu muro: MAS É PRETO! No Brasil, ainda que você tenha muito dinheiro e more num condomínio fechado de alto padrão, seus “macaquitos” não são bem-vindos na piscina, no play e demais espaços exclusivos para moradores onde as outras crianças brancas brincam. Quando você é preto no Brasil, não importa quanto dinheiro você tenha. Você continua sendo preto. Nessa país, ainda que você seja algu

Hitler, Mussolini e o Papa

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O silêncio do Vaticano e os sussurros do Duce diante da ascensão do Führer Por: David I. Kertzer David I. Kertzer, escritor, historiador e antropólogo norte-americano, é especialista em história política e religiosa da Itália Enquanto Benito Mussolini exibia um busto de Napoleão em seu estúdio, Adolf Hitler, que se tornou chanceler da Alemanha em janeiro de 1933, mantinha, havia muito, um busto de Mussolini no seu. O Duce era, para ele, o exemplo a ser seguido. Pouco depois da cerimônia de posse, Hitler mandou uma mensagem ao italiano: fascismo e nazismo tinham muitas coisas em comum. Ele esperava fortalecer os laços entre a Itália e a Alemanha. Mussolini gostava da adulação, mas tinha dúvidas sobre seu seguidor. Hitler era “um sonhador”, mais apto para fazer discursos inflamados do que para governar. Já Hermann Göring[1] era um “ex-paciente de manicômio”. Os dois, achava o Duce, sofriam de complexo de inferioridade. “Hitler é um agitador simpático”, disse o cardeal E