Quando você é preto, é preto!

Uma história real.

Certa manhã o homem mais rico de uma cidade do interior de um grande estado brasileiro encontrou no muro da sua casa a seguinte inscrição: AQUI MORA UM PRETO! A bela propriedade, bastante conhecida por sua imponência e localização privilegiada na esquina entre duas ruas importantes da cidade, permitia que a frase fosse lida facilmente. O proprietário, um homem culto, inteligente e bem-sucedido decidiu não repintar o muro, mas devolver a provocação escrevendo uma nova frase logo abaixo da primeira: MAS É RICO! Na manhã seguinte ele foi surpreendido com uma terceira inscrição em seu muro: MAS É PRETO!

No Brasil, ainda que você tenha muito dinheiro e more num condomínio fechado de alto padrão, seus “macaquitos” não são bem-vindos na piscina, no play e demais espaços exclusivos para moradores onde as outras crianças brancas brincam. Quando você é preto no Brasil, não importa quanto dinheiro você tenha. Você continua sendo preto.

Nessa país, ainda que você seja alguém reconhecido pela mais alta corte do país como um herói contra a corrupção. Mesmo que você seja ovacionado pela mídia e “querido” pelo “povo”. Mesmo que o queiram como e o próximo presidente da Nação. Em algum momento você será “elogiado” como “um negro de primeira linha” no ato falho do seu amigo, o qual sempre lutou com todas as suas forças contra seu próprio racismo. Quando você é preto no Brasil, não importa o quão importante você é para o país. Você continua sendo preto.

Aqui, quando você é preto, não importa se você é um cidadão de bem, se você é um músico passeando com a sua família num carro comprado com o suor do seu rosto, graças ao seu talento artístico. Você será alvejado com 80 tiros de fuzil – classificado de incidente pelo ministro, simplesmente porque você é preto. Se você é preto no Brasil, não importam seus talentos, sua identidade, seus bens ou sua família.  Você continua sendo preto.

No Brasil, a exemplo de outros países escravocratas, não importa se você acredita que não é preto. Se você pensa que é moreno, mulato ou de qualquer outra cor. O que vale é o que ouvi há alguns anos em certa cidade do Paraná: o que passa de branco é preto. Logo, o que eu acho ou você acha sobre sua cor não faz qualquer diferença. Não importa se você nega ou aceita a sua negritude. O que realmente importa é que VOCÊ CONTINUA SENDO PRETO!

Malcom X

Este post se presta a preservar viva a memória do conhecido músico Evaldo Rosa e, sobretudo, é uma singela homenagem ao desconhecido catador de material reciclável, Luciano Macedo, de 27 anos,  que morreu ao tentar salvar o músico e seu filho de 7 anos. Luciano conseguiu tirar o menino de dentro do carro atingido por cerca de 80 tiros.

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