A "arte" de não ler


De nada adianta ir a Faculdade e não aprender. Daí?  De nada vale ir a Faculdade e não fazer escolhas (facultare).

1) Tem quem não aprende nada.

2) Tem quem só concorde repetindo burramente os seus professores.

3) Tem quem discorde. Ainda que no início da estrada, este está nela e caminhando.

Se na academia usa-se a razão, então vale para ela a mesma regra de leitura de qualquer livro onde se possa aprender algo.

“É preciso separa preconceito e julgamento [...] Partindo da posição madura de discordar [...] você acha possível demonstrar que o autor está equivocado em algum ponto, então será preciso conduzir a controvérsia segundo três condições: 1) verifique se suas razões não são na verdade emoções que, de algum modo estão presentes, ainda que inconscientemente numa espécie de disputa e não baseadas puramente em argumentos. 2) verifique se seus pressupostos não estão contaminados de preconceitos. ‘A boa controvérsia não deverá ser uma disputa em torno de pressuposições’ (p. 152). 3) busque a imparcialidade. Não existe controvérsia sem partidarismo, mas busque o equilibro de 'ao menos tentar colocar-se no ponto de vista do outro' (p. 153). Para se discordar de modo civilizado será preciso, pelo menos ler o livro com simpatia.”

Resenha da Arte de Ler: por Leonardo Martins.

O mesmo vale para qualquer juízo do outro. É preciso olhar com simpatia para o que ele diz/escreve ou então voltamos às contradições epistemológicas.

Resumindo: quando o comentário "politicamente científico" está cheio de adjetivos, não é científico não. Vide item 1 da resenha.

Talvez você diga: - Faltou a opção “tem quem concorde com os professores”. Neste caso você não leu o texto. Essa é a minha tese.

O termo “só” está intimamente ligado ao termo “burramente” (1). Por outro lado, em “tem quem discorde” não existe termo “só” (2). Seria outra tolice. Logo, este item está intimamente ligado o trecho da resenha “você acha possível demonstrar que o autor está equivocado em algum ponto”, mas talvez você não tenha lido nada disso.

A conclusão é portanto brilhante. “Para se discordar de modo civilizado será preciso, pelo menos ler o livro com simpatia.” Diria eu: para discordar de alguém de modo civilizado será preciso “ler” o outro com simpatia.

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