Dunga receberá (só) da CBF (só) 450 mil por mês

A frase do atual técnico da seleção brasileira "eu até acho que eu sou afrodescendente" apenas evidencia a ideologia dominante no país. Segundo o jornalista Jorge Nicola, Dunga receberá (só) da CBF 450 mil por mês: metade do salário do Felipão. Conhecido internacionalmente por sua história no futebol, Dunga é referência mundial pelo cargo que ocupa. O futebol, em particular a seleção brasileira, exerce fascínio e admiração em milhões de jovens, principalmente entre os mais carentes. A despeito de gostarmos ou não do atual técnico, ele é um referencial para a sociedade e para os jogadores ávidos por uma oportunidade do “professor”, Dunga.

Do outro lado, a formação acadêmica dos brasileiros tem crescido em alguns raros aspectos. Se considerarmos o doutorado o “topo” da formação, um professor titular tem piso salarial entre R$ 7.621,46 a R$ 17.057,74, segundo os Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes). Conforme levantamento do site Guia da Carreira, “o Brasil tem aproximadamente 121 mil professores universitários com doutorado”, 70% deles trabalham em universidades públicas.

Seria irracionalmente desnecessário comparar ambas as profissões sob os pontos de vista: formação, tempo de preparação, habilidades necessárias para o cargo e remuneração. Isso é o que chamamos de o óbvio ululante. A questão aqui é pensar na relevância de ambos para o país. Se por um lado uma Nação não se constrói apenas com doutores (embora não se possa prescindir deles) por outro, não se constrói uma Nação com celebridades do futebol e, ultimamente, nem campeões.

Portanto, a frase do Dunga, entre outras igualmente “célebres” proferidas nos meios futebolísticos, reflete a relação de importância entre a formação acadêmica e a profissão mais cobiçada pelos jovens do país, em particular, aqueles com menos acesso a educação e a cultura.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O galo que cantava para fazer o sol nascer

Uns são outros não são

Uma andorinha só não faz verão - Aristóteles