Ministros da Palavra sem palavra

Isso pode acontecer a qualquer um, prometer e não cumprir. Quantas vezes fazemos promessas movidos pela emoção? Quantas vezes o infortúnio nos surpreende e não honramos nossa palavra? Quantas simplesmente esquecemos o combinado? Espero que para três perguntas a resposta seja a mesma: Raramente.
É vergonhoso perceber o quanto cauterizamos nossa consciência a ponto de acharmos natural prometer e não cumprir. Parece que isso não traz nenhum incômodo as pessoas nestes tempos.
Não falo de mentir, algo igualmente comum atualmente, falo de honrar a palavra que se diz. Falo de Combinar e cumprir, falo de “ser alguém de palavra”.
Se alguém supõe tratar-se dos nossos políticos engana-se. Falo dos ministros da Palavra. Daqueles que tentam impor a Verdade revelada como Palavra de Deus, contudo, eles mesmos não têm palavra.
Se não, por que o discurso não corresponde à prática? Porque refirmam suas falas mesmo quando são revelados contraditórios? Se estivéssemos tratando de um deslize, o qual todos nós estamos sujeitos, por que eles insistem na mesma oratória? Por que não pedem desculpas?
Trata-se sim, de falta de palavra. Não digo mentira porque a isto pressuporia a intencionalidade de enganar. Falta de palavra aqui entenda-se como pressuposto de acreditar tudo que se faz é o melhor, o mais correto. Quando combina e não cumpre é porque teve um bom motivo (sempre têm). Bom? sob qual ponto de vista? Sob o ponto de vista de quem não honra sua palavra porque está sempre certo.

Isso é muito claro, por exemplo, no líder religioso em começo de carreira. Prega a Verdade e não negocia ou relativiza as coisas de Deus. Até aí tudo bem. Mas o problema é que este critica os outros que assim o fazem. Mas...
Tão logo assume uma posição confortável o discurso muda. Por quê? Porque esse está sempre certo, tanto quando condena como quando aprova.Sua palavra é dúbia, é efêmera e vazia. Hoje afirma com veemência amanhã nega do mesmo modo. E pior, não vê contradição nisso.
Ministros da Palavra, Palavra da Verdade, mas ministros sem palavra e sem verdade.

Se os valores de uma sociedade baseiam-se em fundamentos e nos guardiões destes fundamentos, para onde vão as religiões que acreditam em Ministros da Palavra sem palavra?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O galo que cantava para fazer o sol nascer

Uns são outros não são

Uma andorinha só não faz verão - Aristóteles