Nunca gostei de “Mardi Gras” (Carnaval)


A história do menino que não gostava de Carnaval.

"Nem sempre fui um cristão. Bebia, fumava e vivia a vida como bem me parecia bom vive-la. Mas, diferente de maioria, nunca gostei de Carnaval"

O Carnaval teve sua origem na Grécia antiga (600 a.C.). Era uma festa de gratidão aos deuses pela fertilidade do solo e pela colheita. Na Idade Média (500 d.C.) a celebração foi incorporada ao calendário da igreja católica seguindo o calendário lunar.

O Carnaval precede a Quaresma: período 40 dias de privações e penitências marcado por jejuns (de carne, inclusive) e orações. Por isso, a terça-feira de Carnaval (o dia do feriado) ficou conhecida como "carne vale" (adeus à carne: em latim) ou “Mardi Gras” (terça-feira gorda: em francês). A terça é o último dia em que as pessoas podem se "entupir" de comida antes da quarta-feira de cinzas, o primeiro dia da Quaresma (período de penitências)

No Brasil a festa está muito distante da sua origem religiosa grega ou católica. O termo “festa da carne” (Carnaval) não tem qualquer ligação com o sentido original do termo “adeus à carne”.

A “festa da carne” refere-se a uma festa alegre com muita música, dança e descontração. Ocasião para expor os desejos e as fantasias (internos e externos) das pessoas sem pudores ou preconceitos. No Carnaval são tolerados, e até esperados dos foliões, diversos comportamentos que seriam inaceitáveis ou inadequados nos demais dias do ano.

O “adeus à carne” refere-se a um rito cristão, portanto de cunho religioso, ligado à lembrança da morte de Jesus Cristo. A terça-fera marca o dia do abandono aos prazeres, desejos e fantasias humanas pelos próximos quarenta dias, a Quaresma. Tempo em que a abstinência da carne traz à memória o sacrifício de Jesus Cristo (seu corpo e seu sangue) na Cruz do Calvário para remissão dos pecados da humanidade.

Quando menino nunca gostei de Carnaval, mas, como cristão, eu deveria.

Não daquilo que a festa se tornou ao longo dos anos.

Não da glutonaria, de comer até se empapuçar.

Tão não me refiro as festas aos deuses da fertilidade.

Deveria, sim, a celebrar a fertilidade do solo, da vida, dos bens, do ar, da família e tudo mais que Deus me dá generosamente e graciosamente. Deveria me alegrar “porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas” (Rm 11.36a). Deveria festejar o simples fato de existir “Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (At 17.28a).

Neste sentido, seria muito bom festejar e se alegrar por tudo que Ele é. Mas é impossível tal festa junto com o "nosso Carnaval". Há uma incerteza os retiros espirituais tentam “proteger” os crentes das tentações do Carnaval ou celebram ao Senhor acima de todas as coisas. O termo “espiritual” parece aproximar-se mais das penitências da Idade Média do que um relacionamento de maior intimidade com o Pai.

Se, por um lado nunca gostei “nosso Carnaval” por outro, a ascese e retiros "espirituais" também não me agradam.

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