A diferença está na dose


Existe uma pequena grande diferença entre o veneno e o a vacina. É a dose.

O veneno cumpre o seu papel destruidor enquanto a vacina cumpre o seu papel restaurador. Quanto mais intenso o veneno maiores são os danos causados. Alguns dos nossos sentimentos podem ser mais destruitivos que o mais terrível dos venenos porque destroem a nossa alma. O ódio é um exemplo. Willian Shakespeare disse que “Odiar alguém é como você beber o veneno e esperar que o outro morra”.

Assim como sentimentos ruins, os “bons” também podem levar a morte. “Há um caminho que parece direito ao homem, mas o seu fim são os caminhos da morte” (Provérbios 16.25). Por que aquilo que parece bom pode levar a morte? A pergunta retórica do profeta esclarece. “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jeremias 17.9).

Ora, se maus sentimentos nos levam a destruição e “bons” sentimentos também podem fazer o mesmo, então o que fazer?

Em primeiro lugar evite, desvie, apague e faça de todo o possível para não alimentar maus sentimentos, seja por alguém ou por você mesmo. Sentimentos ruins sempre são destrutivos.

Em segundo lugar, nem sempre os sentimentos bons levam a morte. Segundo o Apóstolo Paulo o amor (ágape) “é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.  (1 Coríntios 13.4-7).

Sentimento maravilhoso é o amor com o qual Deus também nos amou. O amor (ágape) de João 3.16. Contudo, tanto no versículo 6 da carta de Paulo quanto em outras passagens do Evangelho, tal amor não representa passividade. Ser pacífico é muito diferente de passivo. Todos os profetas de Deus, sem exceção, sofreram dores e perseguições por falarem a verdade ordenada pelo Senhor. Nem mesmo Jesus escapou.

Então o que fazer? Não podemos nos conformar (tomar a forma do mundo) tão pouco nos destruir com sentimentos ruins. O que fazer!?

Acontece que a vacina vem da mesma fonte que o veneno e assim como na medicina o tênue fio que separa o sentimento destrutivo do sentimento dolorido é a dose. A mesma dor fazia parte do sentimento do profeta Habacuque. “Por que razão me mostras a iniqüidade, e me fazes ver a opressão? Pois que a destruição e a violência estão diante de mim, havendo também quem suscite a contenda e o litígio” (Habacuque 1.3).

Por isso, não aceite ser moldado, testemunhe, denuncie e seja como o Mestre. Ele não fazia a menor questão de frequentar os palácios ou a roda de religiosos da época. Ele não estava interessado em ser popular ou em cargos políticos da denominação judaica (Fariseus, Saduceus etc.). Ele pagou o preço de ser fiel ao Pai e foi-lhe fiel até as últimas consequências. Só não exagere na dose. Ame! Porque, acima de tudo, o que Jesus levou as últimas consequências foi o amor e não os ressentimentos.

No momento mais difícil da sua vida suas palavras foram de bênçãos e não de maldição. “E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. (Lucas 23.34).

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